Neto de Cosme de Médici (o Velho), era filho de Pedro de Cosme de Médici e de Lucrécia Tornabuoni. Casou-se em 4 de junho de 1469 com Clarice Orsini, chamada Leo, nascida em 1450 e morta em 20 de julho de 1488. Era filha de Giacomo Orsini di Monterotondo. Teve sete filhos, dos quais João de Lourenço de Médici (futuro Papa Leão X). Com a morte de seu pai, em 1469, Lourenço e seu irmão Juliano, foram designados "príncipes do Estado" (em italiano principi dello Stato).
O futuro parecia tranquilo até que em 1478 aconteceu a conspiração dos Pazzi, assim chamada em alusão à família envolvida no movimento, na verdade instigato pelos Salviati, banqueiros do Papa Sisto IV, inimigo dos Médicis. Foi feito um plano para matar os dois irmãos Medici no Duomo de Florença, durante a missa, em 26 de abril, um domingo de Páscoa. Juliano morreu, Lourenço escapou, embora ferido, salvo pelo poeta Poliziano, que o trancou na sacristia.
Os autores do plano, entre eles Francesco Salviati, arcebispo de Pisa, foram linchados pelo povo enfurecido. O Papa Sixto IV, cujo sobrinho Girolamo Riario era cúmplice, interditou a cidade de Florença por causa dos assassinatos de Salviati e dos Pazzi, apoiado pelo rei de Nápoles, Fernando I, conhecido como Dom Ferrante.
Sem ajuda de seus tradicionais aliados de Bolonha e Milão, Lourenço partiu sozinho para Nápoles, em 1480, colocando-se nas mãos de Don Ferrante. Este manteve Lourenço cativo durante três meses, antes de libertá-lo com muitos presentes. Graças a sua coragem e talento diplomático, Lourenço convenceu Don Ferrante de que o Papa poderia também voltar-se contra ele, caso obtivesse muito sucesso no norte. Assim, firma-se a paz ainda em 1480. Com isso, Lourenço forçava o papa a também aceitar a paz. Segundo Maquiavel, Lourenço expôs a própria vida para restaurar a paz, indo pessoalmente negociar condições favoráveis. E mesmo depois de seu êxito, recusou tudo - desejou ser apenas o mais ilustre dos cidadãos de Florença. Com exceção de Siena, toda a Toscana passara a aceitar o governo de Florença, que oferecia o espetáculo de um extenso principado, governado por uma república de cidadãos livres e iguais.
Em geral, Lourenço manteve a politica de seu avô, embora tenha sido menos prudente e mais disposto à tirania. Dotado de grande inteligência, governou em um clima de prosperidade pública, aumentando a influência de sua família por toda a Itália, e manteve as instituições republicanas em Florença, ainda que só na aparência: na verdade, Lourenço foi virtualmente um tirano. Utilizava-se de espiões, interferia na vida privada dos cidadãos mas conseguiu levar o comércio e a indústria de Florença a um nível superior ao de qualquer outra cidade da Europa.
Disseram dele:
"Dirigiu sua hábil diplomacia de modo a obter paz na península, mantendo os cinco Estados principais unidos diante da ameaça crescente de uma invasão vinda dos Alpes. Florença não poderia ter um tirano melhor ou mais agradável, e o mundo jamais viu outro patrono de artistas e letrados como ele."
Protetor de escritores, sábios e artistas, foi o impulsor das primeiras imprensas italianas. Lorenzo iniciou o movimento renascentista, que rejeita a ciência escolástica e teológica, para valorizar a pesquisa e a busca do sentido da vida, colocando o Homem no centro do Universo. Seu palácio tornou-se o centro de uma cultura que, partindo da redescoberta da Antiguidade grega e latina, levará a um extraordinário florescimento das artes e das letras. Os maiores artistas e literatos frequentavam a sua corte, mas o que distinguia Lourenço de outros mecenas da época era a sua ativa participação intelectual nas atividades que promovia. Foi um elegante escritor em prosa e um poeta original. Os filósofos Marsílio Ficino e Pico della Mirandola, os poetas Pulci e Poliziano e grandes artistas como Botticelli e Ghirlandaio, eram seus hóspedes habituais. Michelangelo iniciou seus estudos em um ateliê patrocinado por Lourenço.
Retrato de Lourenço, o magníficoA paz de Lodi (1454), que havia colocado um fim às disputas entre Veneza e Milão, havia trazido o equilíbrio entre os estados italianos. Em grande parte, tal equilíbrio foi mantido graças às habilidades diplomáticas de Lourenço, considerado "o fiel da balança". De fato, procurava proteger o eixo formado por Florença, Milão e Nápoles das ambições venezianas e da ambigüidade papal. O clima de relativa paz também favoreceu o Renascimento.
Organizador de festas suntuosas, seus gastos excessivos puseram em perigo a fortuna dos Médici e despertaram a ira de Jerônimo Savonarola. Ao final da vida, Lourenço entrou em conflito com Savonarola, mas a lenda que este lhe recusou absolvição antes de morrer a menos que restaurasse a liberdade da cidade de Florença é afastada pelos historiadores — é mesmo lenda.
Após sua morte, seu filho e sucessor Pedro II (Piero) (1471-1503) é expulso de Florença por uma revolta instigada por Savonarola, em 1494. O equilíbrio político é rompido e as rivalidades entre os estados italianos acabaram por dar espaço ao envolvimento de potências estrangeiras nas disputas.
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